POST WAR GLAMOUR GIRLS – Pink Fur (2014)

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+ WILD BEASTS – Present Tense (2014)
+ ARRANGE – Their Bodies In A Fog (2014)

Considerando que cada banda trabalha num universo de referências próprias, no do Post War Glamour Girls pode-se encontrar tanto o poeta/cantor mancuniano John Cooper Clarke quanto do australiano Nick Cave, em suas diversas facetas: Birthday Party, Bad Seeds ou Grinderman.

Do primeiro pegaram emprestado o título de uma canção para batizar a banda, do segundo as impostações vocais graves e visceralidade instrumental.
Percebe-se que não há um estilo específico ou claramente definido, pode-se encontrar ecos pós-punk, glam-rock ou o que se convencionou chamar, mais recentemente, de art-rock.

Assim, o PWGG inicia sua carreira discográfica de forma poderosa e com tons teatrais, que pode ser corroborado inclusive pela bela capa.

‘Pink Fur’ é um disco intenso e parece disposto a desafiar a “ordem estabelecida”, criando canções de muitas nuances, onde os vocais são o centro de gravidade e a música faz sua órbita de forma correta, com dinâmicas que se alteram entre o a quietude e as tempestades sonoras.

James Smith é a voz ensandecida, Alice Scott faz o contraponto feminino em boa parte das canções. Esse contraponto está lá em ‘Sestra’ (Irmã em russo), que fala sobre os ataques de ursos na Sibéria. É daquelas canções que pode-se classificar de montanha russa, dada as alternâncias ao longo de seus seis minutos de duração, variando entre o senso melódico, a tranquilidade e as explosões catárticas.

‘Pink Fur’ é de personalidade forte, embora às vezes pague justamente o preço disso. Explica-se, às vezes há uma sensação de excesso na teatralidade de Smith, que poderia tirar “o pé do acelerador” em algumas canções, em nome de, quem sabe, uma impostação mais contida talvez. Nesse sentido, há que se perceber uma aproximação com ‘Limbo, Panto’, do Wild Beasts, que seguia por essa verve mais exacerbada, histriônica.

Entre os momentos grandiosos do álbum, destacam-se, além da citada ‘Sestra’, ‘Red Terror’, com o duo vocal remetendo a Cave/PJ ou Lanegan/Isobell; a dobradinha poderosa com ‘Service Station Blues’ e ‘Lightbulb’, com uma pegada que remete ao The Fall em sua fase mais recente; e ‘Jazz Funerals’, talvez a canção mais “acessível” da banda.

A escolha de “pecar”por excesso, no fim, acaba até acertada, pois difícil ficar imune a qualquer das faixas do álbum, que mesmo com sua diversidade, também no fim, acaba soando bastante coeso.

Uma banda a ser observada de perto.

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