PHILIP SELWAY – Weatherhouse (2014)

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Na história da música, pelo que eu me lembre, há todo um retrospecto favorável acerca de bateristas que saíram em carreira solo ou como líderes de outras bandas. Dave Grohl (Nirvana) com seu Foo Fighters e Phil Collins (Genesis) são bons exemplos para ilustrar isso. Não, mas não estou dizendo que isso pode acontecer com Philip Selway da banda inglesa Radiohead. Se acontecer, aceitamos os fatos, pois o músico está ali atrás, na cozinha da banda, contudo sabe fazer boas canções e entende muito de música.

Com o début ‘Familial’ (2010), Phil mostrou iniciativa e boas ideias num disco com colaborações de peso como Lisa Germano e Wilco. Em ‘Weatherhouse’ o artista comprova seu talento, conhecimento musical, vira um crooner afiado e compõe um álbum bem agradável. Muitos julgarão que o disco lembra ‘In Rainbows’ (2007) do próprio Radiohead. Uma mania ridícula de querer comparar antes de avaliar com exatidão a obra ali descrita. Acontece que Selway não fica apenas na sombra de sua banda e também percebemos semelhanças com Elbow e Badly Drawn Boy (ótimas referências, aliás). Embora o músico nem acabe conquistando uma identidade própria, recheia suas canções com belos arranjos e arquiteta uma das melhores produções do ano.

Os pianos melancólicos de ‘It Will End In Tears’ que remete a algo de Beatles (pense no quarteto tocando na atualidade?). Os violinos oportunos de ‘Drawning To The Light’ que revelam o cuidado de Philip e sua paixão pela música clássica. Percussão bem trabalhada é o que não falta (e disso ele entende mesmo). ‘Around Again’ faz novamente a música pop-rock respirar, tudo entra num redemoinho aonde o cantor desfia sua letra, o violino e a bateria desnorteiam o ouvinte e já é, disparadamente, uma das melhores músicas do ano.

Para quem ficava ali, sentado na bateria, por vezes arredio, Philip mostra que é um artista promissor. Caso o Radiohead acabe ou ele resolva sair da banda (mas a gente nem quer isso), está em mares tranquilos. Um artista que não se esquece de letra, melodia, arranjos e que faz um álbum coeso do início ao fim. Você ainda diz que não tem mais gente boa na música hoje em dia? Pense direito.

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